A Doença de Parkinson é uma doença neurológica, degenerativa, crônica e
progressiva que ocorre, em sua maioria, em pessoas acima de 65 anos.O parkinsonismo é definido como uma vasta
categoria de doenças que apresentam diminuição da neurotransmissão
dopaminérgica nos gânglios da base, estando estas classificadas em:
parkinsonismo primário, secundário, plus e heredodegenerativas.
As causas da
Doença de Parkinson
A doença ocorre pela falta de dopamina, devido
a degeneração dos neurônios localizados na substância negra. Ainda não foi
descoberto a causa efetiva da degeneração desses neurônios, mas alguns fatores
podem ter uma influência na formação da doença. Tais como :
Idade
A
DP é uma enfermidade que acomete principalmente as pessoas que tenham 60 anos
ou mais. É conhecido alguns casos da apresentação da doença em pessoas com
menos de 40, ou até mesmo 20 anos, mas são muito raros.
História familiar
Não
é regra, mas familiares de pessoas que possuem a Doença de Parkinson tem mais
chances de desenvolver a doença.
Pessoas
do sexo masculino
Segundo estatísticas,
a doença é mais frequente em homens do que em mulheres.
Epidemiologia
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística divulgou dados do
último CENSO 2000, que a expectativa de vida aumentou pelo crescimento de 21 %
da população acima de 65 anos, propiciando estimar-se uma população de cerca de
200 mil indivíduos com DP. A prevalência em pessoas com idade entre 60 e 69
anos é de 700/100.000, e entre 70 e 79 anos é de 1500/100.000. No entanto, 10%
dos doentes têm menos de 50 anos e 5% têm menos de 40 anos. Além disso, 36 mil
novos casos surgem por ano no país.
Etiologia
A
etiologia é tida como idiopática, mas estudos acreditam que a DP pode ser
decorrente de um conjunto de fatores, sejam eles genéticos, toxinas ambientais,
estresse oxidativo, anormalidades mitocondriais e/ou alterações do
envelhecimento.
O que é a substância negra e sua relação com DP
A substância
negra ou substância nigra é uma porção heterogênea do
mesencéfalo responsável pela produção de dopamina no cérebro.
O
sistema dopaminérgico junto com os neurônios de melanina sofre despigmentação.
Desta forma, subentende-se que quanto mais clara a substância negra, maior é a
perda de dopamina. Associado a essa despigmentação tem-se a depleção do
neurotransmissor dopamina que resulta da degeneração de neurônios
dopaminérgicos da substância negra que se projetam para o estriado, onde são
críticos para o controle do processamento da informação pelos gânglios da base,
reduzindo a atividade das áreas motoras do córtex cerebral, desencadeando a
diminuição dos movimentos voluntários.
Sinais e Sintomas
Para melhor compreensão sobre as
áreas cerebrais acometidas na DP, dividiu-se em seis estágios.
No está- gio 1 ocorre o comprometimento do núcleo motor dorsal dos
nervos glossofaríngeo e vago, além da zona reticular intermediária e do núcleo
olfatório anterior, constituindo assim um processo neurodegenerativo quase que
totalmente localizado nas fibras dopaminérgicas que inervam o putâmen
dorso-lateral. No estágio 2, existe o comprometimento adicional dos núcleos da
rafe, núcleo reticular gigantocelular e do complexo do lócus cerúleos. No
estágio 3, observa-se o acometimento da parte compacta da substância negra do
mesencéfalo. Já nos estágios 4 e 5 há comprometimentos das regiões
prosencefálicas, do mesocórtex temporal e de áreas de associação do neocórtex e
neocórtex pré-frontal, respectivamente. No estágio 6, ocorre o comprometimento
de áreas de associação do neocórtex, áreas pré-motoras e área motora primária.
Esses
referidos comprometimentos manifestam-se inicialmente de forma motora, onde são
chamados de sinais cardinais da doença de parkinson. Sendo eles: rigidez,
tremor, bradicinesia e instabilidade postural .
Sintomas motores da Doença de Parkinson
O tremor é tido como o sintoma inicial da DP. Em
cerca de 50% tem início nas extremidades distais, em decorrência de oscilações
involuntárias de uma parte do corpo. É observado em condições de repouso que
diminui ou desaparece com o início de alguma ação, podendo aparecer novamente
quando o paciente mantiver uma ação ou postura mais prolongada
Tremores
O tremor é habitualmente
observado no repouso podendo também ocorrer na postura, acomete mais
frequentemente e de forma mais assimétrica as mãos, mas pode estar presente no
queixo cabeça e em membros inferiores. O tremor mais característico é um
movimento denominado de contar moedas ou de enrolar pílulas, dos dedos ou
movimento de flexão, extensão dos dedos
e pulso.
Bradicinesia
Significa Lentidão dos
movimentos e o sintoma mais incapacitante da doença. Está presente desde o
início dos sinais e sintomas da doença de Parkinson e é responsável pela
dificuldade para realizar as atividades habituais da vida diária. A lentidão pode ocorrer no momento de iniciar
o movimento por cauda de uma dificuldade no tempo de reação apresentada pelos
pacientes, ou durante todo o movimento.
Rigidez
A rigidez caracterizada pelo aumento da resistência dos movimentos
articulares passivos encontra-se presente na forma assimétrica no início da
doença, sendo mais acentuada no 'm' corpo no qual predomina o tremor.
Sintomas
não-motores da Doença de Parkinson
A doença de Parkinson pode apresentar também sintomas não motores,
tais como : depressão, apatia, distúrbio autonômicos e alterações cognitivas.
Dentre as alterações cognitivas, os pacientes com DP podem apresentar
alterações nos mecanismos de atenção, que representam um aspecto básico da
cognição e é fundamental para o gerenciamento dos estímulos ambientais e das
funções nervosas, permitindo que em um determinado momento um estímulo ou
tarefa tenha prioridade sobre
outros. SINTOMAS NEURO
PSICIQUIÁTRICOS podem aparecer em até 60% dos pacientes com doença de Parkinson
Como é dado o diagnóstico de DP?
Ainda não existe exames específicos para
detectar a doença de Parkinson, o diagnóstico é dado
com base em histórico médico, avaliação de sintomas e exames neurológicos e
físicos. Poderá ser solicitado também exames
como eletroencefalograma,
tomografia computadorizada, ressonância magnética, análise do líquido espinhal,
entre outros vários, assim descartando outras condições que possam estar
causando os sintomas.
O diagnóstico da doença de Parkinson, pode não ser instantâneo,
levando assim algum tempo para ser feito. O médico poderá pedir consultas
regulares com um neurologista para que o mesmo avalie a condição e os sintomas do paciente durante
um período determinado para, assim, fazer o diagnóstico.
Tratamento para a Doença de Parkinson
Principais medicamentos
para a Doença de Parkinson
|
||
DROGA (PRINCÍPIO ATIVO)
|
NOME COMERCIAL®
|
MECANISMO DE AÇÃO
|
LEVODOPA OU L-DOPA
|
SINEMET / CRONOMET / 'PROLOPA
|
PRECURSORA DA DOPAMINA
|
BROMOCRIPTINA
|
PARLODEL / BAGREN
|
AGONISTA DOPAMINÉRICA
|
LISURIDE
|
DOPERGIN
|
AGONISTA DOPAMINÉRICA
|
PRAMIPEXOL
|
MIRAPEX
|
AGONISTA DOPAMINÉRICA
|
PRAMIPEXOL
|
SIFROL
|
AGONISTA DOPAMINÉRICA
|
PERGOLIDA
|
CELANCE
|
AGONISTA DOPAMINÉRICA
|
ROPINIROL
|
REQUISITO
|
AGONISTA DOPAMINÉRICA
|
BIPERIDENO
|
AKINETON
|
anticolinérgico
|
TRIEXEXENIDIL
|
ARTANE
|
anticolinérgico
|
amantadina
|
MANTIDAN
|
DOPAMINA ENDOGENO
|
SELEGILINA / L-DEPRENIL
|
NIAR -DEPRILAN -JUMEXIL - ELEPRIL
|
INIBIDOR DA MAO-B (*)
|
TOLCAPONE
|
TASMAR
|
INIBIDOR DA COMT(**)
|
ENTACAPONE
|
COMTAN
|
INIBIDOR DA COMT(**)
|
Últimos Lançamentos
|
||
DROGA (PRINCÍPIO ATIVO)
|
NOME COMERCIAL®
|
MECANISMO DE AÇÃO
|
RASAGILINA
|
AZILECT
|
INIBIDOR 2ª GERAÇÃO
DA MAO-B (*)
|
ROTIGOTINA
|
NEUPRO
|
AGONISTA DOPAMINÉRICA
|
(*) MAO-B = monoamino-oxidase B - (**)
COMT-catecol-O-metil-transferase
|
É importante salientar
que o Ministério da Saúde brasileiro disponibiliza determinados medicamentos
para a Doença de Parkinson através de seu Sistema Único de Saúde (SUS). Esses
medicamentos são divididos em dois grupos:
Medicamentos
disponibilizados pelas Farmácias de Alto Custo das Secretarias Estaduais de
Saúde
- Amantadina 100 mg;
- Bromocriptina 2,5 mg e 5 mg;
- Cabergolina 0,5mg;
- Entacapona 200mg;
- Pramipexol 0,125 mg, 0,25 mg e 1 mg;
- Selegilina 5mg e 10mg;
- Tolcapona 100mg.
Medicamentos
disponibilizados em postos municipais de saúde
- Biperideno 2mg e 4mg;
- Levodopa + Benserazida 200 / 50mg;
- Levodopa + Benserazida 100 / 25mg;
- Levodopa + Carbidopa 250 / 25mg;
- Levodopa + Carbidopa 200 / 50mg.
Cirurgia
Determinadas cirurgias
podem ser bastante benéficas a alguns pacientes e consistem em duas lesões no
cérebro: no núcleo pálido interno (palidotomia) ou no tálamo ventro-lateral
(talamotomia).
Com esse procedimento,
a lentidão dos movimentos e a rigidez dos músculos são diminuídas. Porém, nem
todo paciente pode se submeter a cirurgia, por isso a importância de um
acompanhamento médico.
Fisioterapia
Atualmente, o tratamento
fisioterapêutico para pacientes com a doença de Parkinson prioriza a execução
de tarefas motoras isoladas, principalmente quando os pacientes se encontram em
estágios moderados e avançados da doença
Terapia psicológica
Doenças progressivas como Parkinson causam estresse no portador e
parentes mais próximos, como se toda a família adoecesse junto. O apoio
psicológico é fundamental na superação dos problemas emocionais.
Pacientes e familiares pensam e falam da doença o tempo todo,
vivem o problema dia e noite, daí a importância do apoio psicológico.
A Doença de Parkinson vem acompanhada de um quadro
de depressão, principalmente por causa da carência
de dopamina no organismo.
Problemas de autoestima levam ao isolamento social e
agravam o quadro. Paralelamente, o cuidador sofre um grande desgaste físico e
emocional para atender as necessidades do doente.
Psicologia desempenha papel importante no apoio ao
cuidador, que determina a qualidade de vida do doente:
• Colabora
na aceitação da doença, no convívio com as perdas constantes;
• Facilita
assumir novos papéis quando ocorre a inversão de papéis, compreender seus
sentimentos e emoções. O cuidador sente-se apoiado e compreendido, não se sente
mais só, é incentivado ao convívio social, a reestruturar seu estilo de vida,
escala de valores e forma de enfrentamento.
Fonoaudiologia
As alterações fonoaudiológicas na doença de Parkinson estão
concentradas nas áreas de voz, articulação e deglutição.
Elas são representativas particularmente de dois sinais cardinais
do Parkinson - rigidez e bradicinesia, e de uma das complicações não- motoras -
a disautonomia.
a =
Estas alterações começam a se manifestar em alguns anos após o
início da doença, podendo estar presente nas seguintes formas:
• Voz: Rouca ou rouca-soprosa, monótona, tendendo às freqüências graves, e com
intensidade (volume) reduzida;
• Fala: Alterações na fluência (“gagueira”) e articulação imprecisa dos sons;
•Deglutição:Dificuldade na mastigaçãodos alimentos, engasgos,
tosses ou pigarros, perda de saliva, seu acúmulo ou espessamento.
Desta forma, ao identificar algumas destas alterações em sua
comunicação ou deglutição, procure um fonoaudiólogo pois o quanto antes você
puder ser tratado, melhor e mais duradouros serão os resultados obtidos.
Como funciona o Serviço?
Após a realização da avaliação fonoaudiológica, o parkinsoniano é
encaminhado para o atendimento terapêutico, estes atendimentos podem ser feitos
individualmente ou em grupo, dependendo da dificuldade comunicativa do
paciente.
O serviço dispõe ainda do setor de aconselhamento fonoaudiológico,
que tem como função e objetivo ajudar paciente, família e cuidador a lidar com
as dificuldades de comunicação e deglutição inerentes ao Parkinson, podendo ser
agendado a qualquer momento, estando ou não o paciente em fonoterapia.
As complicações da Doença de Parkinson
- Problemas de memória, demências e dificuldades de raciocínio;
- Depressão e alterações emocionais, incluindo o medo e a ansiedade;
- Dificuldades em deglutir;
- Distúrbios de sono;
- Problemas de bexiga;
- Prisão de ventre ;
- Alterações da pressão arterial;
- Problemas de cheiro;
- Fadiga excessiva;
- Disfunção sexual;
- Dor em membros específicos ou no corpo todo.
Referências
2.Pinheiro
JES. Tratado de geriatria e gerontologia. Rio de janeiro: Guanabara, 2006,
p.355-60
4.Pereira
D, Garrett C. Factores de risco da doença de Parkinson um estudo
epidemiológico. Acta Med Port 2010;23:15-24.
7.Ilke
D, Cardoso NP, Baraldi I. Análise da incidência de quedas e a influencia da
fisioterapia no equilíbrio e na estabilidade postural de pacientes com doença
de Parkinson. Rev Fisiot Brasil 2008;9:4-8.
9.Teive
HAG. Etiopatogenia da doença de Parkinson. Rev Neurocienc 2005;13:201-14.
11.Pieruccini-faria
F, Menuchi MRTP, Vitório R, Gobbi LTB, Stella F, Gobbi S. Parâmetros
cinemáticos da marcha com obstáculos em idosos com doença de Parkinson, com e
sem efeito da levodopa: um estudo piloto. Rev Bras Fisioter 2006;10:233-9
13.Azevedo
MM, Galhardo MC, Amaral AKFJ, Vieira ACC. Caracterização dos distúrbios
cognitivos na doença de parkinson. Rev Cefac 2009;11:251-7.
http://www.parkinson.org.br/firefox/fonoaudiologia.html >
http://www.parkinson.org.br/firefox/psicologia.html >
Comentários
Postar um comentário